Adeus Aldeia
Prateada sereia
No Tejo a saudade
Meu povo rijo
Foi vila Montijo
Agora é cidade
Águas frias são impostos
Os impostos que o povo temeu
Não me deem mais desgostos
Pois vendo tudo o que seja
meu
Dez facas, um tabuleiro
Canecas, fotografias
P’ra ganhar algum dinheiro
Na feira das velharias
Rogo-te santo António
Que muito já suportas
Finda com o matrimónio
Do Coelho com o Portas
Vejo o caso mal parado
O Cavaco é pobrezinho
O rico remediado
E resto-me o Zé Povinho
Vai um caldo ou uma canjinha
De quando em vez uma cavala
E estou-me a ver já muito
velhinha
A trabalhar e de bengala
Fui a tempo de ser reformada
Mas se continuo a trabalhar
Que a reforma não chega p’ra
nada
E se já era altura de me por
a descansar
Lá vai o povo, o povo a
desfilar
Em colunas em fileiras
Para se manifestar
Lá vai o povo e sempre de
alma serena
Cantando fraternidade
Grândola vila morena
Lá vai o povo, o povo a
desfilar
Em colunas em fileiras para
se manifestar
Lá vai o povo mas não lhe
serve de nada
Que o governo ainda fica pois
a rir-se à gargalhada
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