A vida é uma
surpresa
Tão depressa
nublada
E vestida de
tristeza
Mas quando ela
é bem vivida
Desatamos à
gargalhada
Porque é bem
mais divertida
Não te amarres
à nostalgia
E nem tão pouco
à saudade
Vive com muita
alegria
Lá por
estalares o verniz
Em abono da
verdade
Serás muito
mais feliz
Brinda à vida
brinda à festa
Isto posso
afiançar
Não há vida
como esta
Não tem nada
que enganar
Se não estás
endinheirado
E por sinal
estás falido
Não fiques
desanimado
Pode ser que
ele apareça
E toma um
comprimido
P’ra essas
dores de cabeça
Já não estou
p’ra me ralar
E quem me dera
ser presa
Ai o que eu ia
poupar
Só no pão de
cada dia
Pois se ando
sempre tesa
E com a barriga
vazia
Fechava a
eletricidade
Ficava só com a
renda
No meio da
fatalidade
Era pois uma
felizarda
Tinha uma vida estupenda
Já nem comia da
albarda
E até tinha
vencimento
P’ra me
reabilitar
Dava-me pois
incremento
P’ra uma vida
melhor
Pois se fosse
p’ra um lar
Ia de mal a
pior
Ficavam-me com
a reforma
Logo toda por
inteiro
E de resto é
tudo à parte
E eu não
arranjava forma
Pois não sei
fazer dinheiro
E se não tenho
essa arte
Nem podia
adoecer
E se sou
incontinente
O que eu ia
padecer
Ficava pois
toda assada
Morrer p’ra mim
era urgente
P’ra ficar mais
descansada
Enquanto que na
cadeia
Ia ser pois bem
tratada
E fazia um
pé-de-meia
P’ra minha
consolação
E vinha bem
governada
Se saísse da
prisão
Mesmo assim vou
divagando
Pois dá-me
alguma prosápia
Ai enquanto vou
sonhando
Com outro modo
de vida
Em tornar-me
uma larápia
E até ser
bem-sucedida
Mas não me
ajeito ao gamanço
Pois nunca fui
de roubar
E sinto um
certo descanso
Senão andava
fugida
Nem conseguia
parar
Ao sentir-me
perseguida
Dá-me pena ser
assim
Contudo
sinto-me honrada
E vai-se a ver
que enfim
É minha forma
de ser
E mesmo
contrariada
Nada mais posso
fazer
De resto vivo
contente
Pois tenho que
aproveitar
E aproveitar
grandemente
E sempre com um
sorriso
Nunca deixes de
sonhar
Pode ser que
isto mude
E apesar do
prejuízo
Pois que Deus
nos dê saúde
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