Um amor,
amor-perfeito
Incessante
ternamente
Cabe dentro do
meu peito
Deste jeito de
ser gente
Neste jeito de
ser gente
Há um grito de
saudade
O que me deixa
impotente
Com a palavra
felicidade
Com a palavra
felicidade
Sentir-me-ia
completa
Que tamanha
ansiedade
Que faz de mim
um poeta
Que faz de mim um
poeta
É o amor que
por ti sinto
Com a alma
irrequieta
Entro no teu
labirinto
Entro no teu
labirinto
E há estradas
que estão abertas
E é na
esperança então que pinto
O sabor das
descobertas
Ao sabor das
descobertas
Vou adentrando
as águas
Por entre as ilhas
desertas
Desertas p’las
minhas mágoas
Desertas p’las
minhas mágoas
Estão as tuas
fantasias
Assim que
possa, apago-as
Não caio em
tais armadilhas
Não caio em
tais armadilhas
Afinal estás
falecido
E se acaso
ainda brilhas
Assim tenho
consentido
Assim tenho
consentido
Pois estás
sempre à minha beira
Na foto estás
bem-parecido
Na
mesa-de-cabeceira
Na
mesa-de-cabeceira
Não me deixas
embaraço
Pois p’ra te
ser verdadeira
Não ocupas
muito espaço
Não ocupas
muito espaço
Mas estás
sempre a olhar p’ra mim
P’ra tudo o que
faço ou não faço
Pressinto que
seja assim
Pressinto que
seja assim
Começo a ficar
com sede
E cresce-me um
frenesim
Viro-te logo
p’rá parede
Viro-te logo
p’rá parede
E dá-me uma dor
na espinha
E enleada numa
rede
Ai sinto-me tão
sozinha
Ai sinto-me tão
sozinha
Sinto tanto a
tua falta
Fico com uma
impressãozinha
Que estou com a
febre da malta
Que estou com a
febre da malta
Fico até
mal-encarada
Que o meu
coração se exalta
Seja por tudo
ou por nada
Seja por tudo
ou por nada
Fico cheia de
calor
Sempre por ti
fui amada
Sempre foste o
meu amor
Sempre foste o
meu amor
Volto então o
teu retrato
Não há nada a
contrapor
E ainda eras
novato
Se ainda eras
novato
Mas que tantas
alegrias
E foste do
sindicato
Por sinal das
pescarias
Por sinal das
pescarias
Pois se eras um
pescador
E arranjavas as
enguias
Dava-te muito
valor
Dava-te muito
valor
Que eras muito
meu amigo
Estavas sempre
ao meu dispor
Levavas sempre
comigo
Levavas sempre
comigo
Ai eu sei que
refilava
E p’ra teu
maior castigo
Eu nunca mais
me calava
Eu nunca mais
me calava
Como não me
calo agora
E nem sequer te
deixava
Abalares dali
p’ra fora
Abalares dali
p’ra fora
Pois pudera,
tinhas medo
E se te fosses
embora
Vou-te contar
um segredo
Vou-te contar
um segredo
Muito havia a
conversar
E teria sempre
um dedo
Um dedo para
apontar
Um dedo para
apontar
E ficava
ressentida
Não te iria
perdoar
P’ró resto da
nossa vida
P’ró resto da
nossa vida
Trago-te no
coração
E se eu era
atrevida
Danada p’rá
reinação
Danada p’rá
reinação
Danada p’rá
brincadeira
E logo p’lo São
João
Ia saltar à
fogueira
Ia saltar à
fogueira
Eras tu meu
namorado
Andavas de
pasteleira
Ias muito bem
montado
Ias muito bem
montado
Pediste-me em
matrimónio
Julguei-te mais
abonado
Que tivesses
património
Que tivesses
património
Aceitei-te em
casamento
Em noite de
Santo António
Fizemos um
juramento
Fizemos um
juramento
E por sinal por
tal sorte
Que esse
comprometimento
Foi até á tua
morte
Foi até à tua
morte
São Pedro
veio-te buscar
E eu sempre fui
de bom-porte
Mesmo após
enviuvar
Mesmo após
enviuvar
Já não vou à
procissão
Não me quero
impressionar
Com a minha
imaginação
Com a minha
imaginação
Pegas sempre no
andor
Como manda a
tradição
Sempre com
brilho e vigor
Sempre com
brilho e vigor
Pois se até
fazias peitos
E por Deus
nosso senhor
Eu não te
encontro defeitos
Eu não te
encontro defeitos
Estou a ficar
ensonada
Com os meus
olhos contrafeitos
Pois já é de
madrugada
Pois já é de
madrugada
Já são duas da
manhã
Se já estou
toda enrolada
Adeus até
amanhã
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