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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Noivas Do Antoino



Das donzelas a mais pura          
E noiva de santo António
É uma moça minha amiga
Tem um mal que não tem cura
Ó pobre Marisenela coitada
Ai filha és tão feia de morrer
Mas quem foi nessa cantiga
Só ao toque de um harmónio
Que ainda assim de cabeça tapada
Qualquer cego pode ver

E lá vem a noiva Marisenela
Deixem a pequena passar
Que qualquer uma ao pé dela
Parece uma Cinderela
Mesmo que esteja a cagar

Mas que grande bebedeira
Que o gajo tinha pelos cornos
Quantos vão à cabeceira?
Ai credo mas que endiabrados
Olha-me para aqueles adornos
Ah agora é que eu já percebi tudo
O quê catorze enteados
Tó até parece um cinema mude!

Coitadinha da pequena
Que ela não vai dar vazão
Deus me livre, tanto filho para criar
Á mulher estou cheia de pena
Mas que péssimo negócio
Credo, larga-o mas é da mão
Dou-te pensão e comida
Que isso faz-te mal ao bócio
E não te deixes enrolar
Não vás ficar toda enxuta
Ó filha mas que merda de vida
Que tu vais ter com esse filhe da puta
Não, nem me digas mais essa
E vai mais um do andor
Credo foi tudo à pressa
Ah, agora é que eu te vejo!
Não podia ser pior
Ai, tanto filho no corteje

É claro, pronto já estás agoniada
Olhe-me para essa banheira
Que até a mim me parece mal
Então não havias de estar cansada
Com esse tronco de laranjeira
Mas que grande festival
Não, ninguém repara em nada...
Isso vai-se lá perceber!
Vieste assim p’rá capital?
Ai filha estás tão mudada
Que eu já nem te posse nem ver

Sim, diz que sim ó padre
O melhor mesmo é casares
O que é que se pode fazer
Olha, já que está tudo aos pares
Pois se assim terá que ser
Não me queiras para tua comadre
Que eu jamais posse aceitar
Pois se é um grupo sinfónico
Então não ouves o harmónico
Não há reforma que regista
Toma! Se isto até para os calar
É preciso ser-se artista

Ai filha tem lá paciência
Não me dês conta da moca
Mas que grande indecência
Até tenho a boca a saber-me a fel
Então ias de lua de mel
E deixavas-me entregue à tropa

Não, nem me lhe digas!
O quê? Não vou nas tuas cantigas
Essa é boa, dou-a a quem doer
Olha, tá bem tá bem, quero lá saber

Sim, vais de comboio para Cascais
Festejares as tuas bodas
Talvez um dia me dês razão
Mas que grande confusão
Dá a esse com o cotovelo
Isso chega-lhe a roupa ao pêlo
Mas que cambada de malteses
Ai vais-te arrepender tantas vezes
E ainda agora não é nada
Dou-te mais dois ou três meses
P’ra ficares divorciada

Mais vale pensares noutra casa
Mas que inferno que alarido
Coitada de ti e do teu querido marido
Crede que isto à vista não tem fim
Ai que o meu peito até está em brasa
Nem nunca mais te vês livre destes
Olha p’ra mim...Faz de conta que já morrestes 

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