Tenho
a boca desdentada
É
verdade ainda estou viva
Mas
se rio à gargalhada
Pois
façam lá uma ideia
Se
só me resta a gengiva
Ai
credo fico tão feia
Mas
se é mal que não perdura
E
se os meus eram valentes
Vou
ter uma dentadura
Pois
já está encomendada
Ficarei
com uns ricos dentes
E
a boca toda enfeitada
São
coisas próprias da vida
Tira
as tuas elações
Já
fui tirar a medida
E
não tenho outras hipóteses
Vou
pagar às prestações
Os
dentes das minhas próteses
E
agora faço dieta
Enquanto
a gengiva baixa
De
tão fraca estou aflita
Mas
com a dentição completa
Começo
a arreganhar a taxa
Que
é p’ra ficar mais bonita
Comprar
em segunda mão
Ainda
fui experimentar
Assentavam
todos mal
E
cheguei à conclusão
Não
se consegue encontrar
Um
tamanho universal
Se
acaso já estou idosa
Por
causa dos meus joelhos
Custa-me
até a agachar
De
resto não uso espelhos
Que
eu sou muito comichosa
Não
me vá eu assustar
Ponho-me
às vezes cismada
Quando
a vergonha me ataca
Vejo-me
então engelhada
Numa
travessa de inox
Vai-se
a ver com a nova placa
Parece
que fiz botox
Que
sejam muito certinhos
E
venham todos polidos
E
também muito branquinhos
Pois
de resto quem tem dentes
Pode
escolher os maridos
Com
a força dos pretendentes
Mas
se for algum jumento
Não
precisas de ir embora
P’ra
perderes o casamento
E
sem qualquer alarido
Com
a cremalheira de fora
Ficas
logo sem marido
E
os dentes prendem-se à tira
Mas
se a placa descair
Até
parece mentira
Ainda
pode rachar
E
acabas por engolir
Os
que estão a saltitar
Sem comentários:
Enviar um comentário