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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Menopausa



Ai que vida desgraçada
O que é que eu hei-de dizer
Nuns dias ando à porrada
E noutros ando a sofrer

Se noutros anda sofrer
Mas que triste sorte a minha
Eu nem me posso esquecer
Vou ser sempre pobrezinha

Vou ser sempre pobrezinha
É um mal que não tem cura
Quem me dera ser rainha
Ai como esta vida é dura

As rosas abrem-se em flor
Nos tempos da juventude
Tudo se faz por amor
Que é essa a grande virtude 

Minha rica mocidade!
Íamos ao bailarico
Noutros tempos é verdade
Quando eu usava penico

E se acaso tens azar
Há um ditado que diz
Cais de barriga p’ró ar
Mas partes logo o nariz

Fartámos de trabalhar
E o meu marido também
Muito amigos de ajudar
Sempre fizemos o bem

Sempre soube fazer bem
Pois tenho um bom coração
Não devo nada a ninguém
Nem a ponta dum tostão

Nem a ponta de um tostão
Que eu só pedi emprestado
P’rá primeira televisão
P’lo meu filhinho adorado

Anda tudo a aumentar
Só eu ando a encolher
Também não me vou matar
O que é que eu posso fazer

Até ele anda encolhido
Vejam lá a minha sorte
É mais curto que comprido
Vou-lhe fazer um garrote

Ó homem toma cuidado
Com o mijo da borracha
Que o dito já está finado
Pois não dá duas p’rá caixa

Ponho-me às vezes doente
Com estas coisas da vida
Vai-se a ver que infelizmente
Já tens a mola partida



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