Ó
meu Deus vem-me amparar
Que
isto está a enegrecer
Tenho
contas p’ra pagar
O
que é que eu posso fazer
Estou
a ficar escanzelada
Que
a larica só aperta
Tenho
a boca sempre aberta
Bem
posso esperar deitada
Com
a cabeça recostada
Vejam
bem o meu azar
Pois
só faço é bocejar
Não
é sono podem crer
É
vontade de comer
Ó
meu Deus vem-me amparar
O
que a mim me tem safado?
As
feiras das velharias
Vendo
até fotografias
Do
meu defunto cunhado
E
já foi um cortinado
Dez
facas e uma colher
Nada
mais há que fazer
Mesa
pratos tabuleiro
Tenho
que arranjar dinheiro
Que
isto está a enegrecer
Minha
luz já foi cortada
Não
tenho gás no fogão
Nem
sequer tenho carvão
P’ra
fazer uma torrada
Como
a côdea à dentada
A
água está p’ra findar
A
renda por acertar
E
o que devo à mercearia
Quero
ver se ponho em dia
Tenho
contas p’ra pagar
Tinha
uma medicação
Não
me desse uma trombose
P’rá
minha aterosclerose
Também
p’ró meu coração
E
se cuidava da tensão
Desisti
de adoecer
Pois
se me punha a tremer
Com
o preço da receita
Piorava-me
a maleita
O
que é que eu posso fazer
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