Link do vídeo do Youtube Miss Margem Sul (sénior) 2013 | Prova Talento
http://www.youtube.com/watch?v=nHjXyL-I3eU&feature=youtu.be
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segunda-feira, 29 de julho de 2013
sábado, 27 de julho de 2013
És O Amor Da Minha Vida | Maria Albertina Natividade da Purificação
Meu rico
adorado filho
Amor da minha
loucura
Contigo tudo
partilho
Os meus
temores, os meus medos
Com tanta
desenvoltura
Que entre nós não
há segredos
Vai-se a ver
que eras petiz
E por sinal tão
bonito
Fazias-me tão
feliz
E olho esta
fotografia
As saudades que
me dão
Ai que tamanha
alegria
Que ia no meu
coração
Sempre foste um
bom menino
E por sinal
sossegado
E quando eras
pequenino
Ai eras tão
engraçado
E como eu me
comovia
Pois se eras
tão sorridente
E sempre que
alguém sorria
Também achavas
piada
Sorrias p’ra
toda a gente
E deixavas-me
encantada
Cantava-te uma
cantiga
A d’O Melro por
sinal
E tiravas-me a
fadiga
Minha rica
mocidade
Parece-me um
roseiral
Tal não era a
felicidade
Mais parecias
um boneco
E até tinhas um
gatinho
Atigrado era o
Tareco
E até dormia
contigo
Vai-se a ver
muito meiguinho
Estava sempre à
tua beira
Pois se era tão
teu amigo
E amigo da
brincadeira
Mas não te fazia
mal
Quando te ouvia
a chorar
O pobre do
animal
Mais não podia
fazer
Também se punha
a miar
Que era para te
entreter
Ai filho que
eras tão querido
Como o teu pai
te adorava
Pobre defunto
marido
Que sempre foi
sonhador
Ai como ele te
afagava
Com os olhos
rasos de amor
E logo de
pequenito
Ao colo depois
à mão
E ainda em
rapazito
Sempre ao lado
do andor
Ai ias na
procissão
Vestido de
pescador
Teu pai ficava
encantado
E tão meigo me
abraçava
Sentia-se
abençoado
E ficava tão
baboso
Que às vezes
até cansava
Pois se eu
sempre fui mais esquiva
Mas se ele era
carinhoso
E de uma forma
aflitiva
E a olhar o teu
retrato
Tenho saudades
de ti
E de quando
eras gaiato
De seres bebé
afinal
E um tão lindo
eu nunca vi
Posso parecer
convencida
Sempre foste
especial
És o amor da
minha vida
ILUSTRAÇÂO/
ARTE DE MIGUEL MATOS
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Por Sinal És Boa Gente | Maria Albertina Natividade da Purificação
Querida prima
Umbelina
Estás vistosa e
bem-parecidaTens um rosto de menina
Com a pele toda esticada
Pois eu cá estou convencida
Nunca a tiveste enrugada
E mesmo com
tanto enredo
Ai pelo que
tens passadoCom o desgosto do Alfredo
Pois se era com cada dose
Que andava sempre entornado
E foi-se duma cirrose
E nunca mais te
casaste
E tal como eu
também nãoSe acaso te conservaste
É da tua natureza
É do teu bom coração
Que te enobrece a beleza
Por sinal és
boa gente
Mas um bocado
vaidosaÀs vezes pões-me doente
Não há bela sem senão
Ai tão casmurra e teimosa
Que até me dás aflição
Quero-te
arranjar marido
E tu não me dás
valorLembras-te do falecido
E tens mais que um pretendente
Extremosa no teu amor
Sempre cheia de saudade
O teu peito não consente
Que encares a realidade
E ficavas bem
na vida
Pois se há um
que é abastadoE se andas desprevenida
Tal como eu que não tens guita
Se afinal pedes fiado
Que a reforma é pobre e fraca
Mas fazes por rebendita
Só que sais prejudicada
Ó minha grande velhaca
Que és tão mal-intencionada
Mas se o és, és
só p’ra ti
De resto não te
confessasPois sempre te conheci
Muito pouco opiniosa
E nem és de conflitos
Pagas as tuas promessas
Por seres tão religiosa
Ao Senhor dos Aflitos
E vai-se a ver
que és calada
Não sei se é
por timidezNão te acho envergonhada
Pois se tens descaramento
Ali rente ao fim do mês
E pedes-me adiantado
P’lo meu endividamento
P’lo que me tens emprestado
E andas sempre
vaporosa
Com as tuas
chinesicesNem sequer és rancorosa
Com tanto que têm feito
Pois se não queres é chatices
Tens esse grande defeito
E dás sempre a
outra face
E eu que já não
sou assimPois até podes ter classe
E se estamos conversadas
Quando me batem a mim
Ai desato às bofetadas
Pois não me
fico p’ra trás
Mais não tinha
que fazerQue de tudo sou capaz
Basta guardar na lembrança
E ando sempre a antever
A hora da tal vingança
De resto tenho
bom fundo
Sempre pronta a
acudirAos males que andam p’lo mundo
E dá-me dó da pobreza
Ponho toda a gente a rir
P’ra afugentar a tristeza
Não falto a um
funeral
Às vezes nem os
conheçoP’ra que não pareça mal
Justo aos familiares
Finjo que me compadeço
Farto-me até de chorar
E percebo p’los olhares
Quando estou a exagerar
Normalmente és
tu ó prima
Que vens com
tais falatóriosVai-se a ver que ainda por cima
Teimas que é p’la nossa idade
Lá vamos nós aos velórios
Recordar a mocidade
Ai por sinal
como eu queria
Que fosses mais
rabitesaDá-me cá uma agonia
Pois se acaso sou humana
E corro em tua defesa
Por seres assim tão banana
ILUSTRAÇÃO/ARTE
DE MIGUEL MATOS
São Vicente | Maria Albertina Natividade da Purificação
O Tejo vem-te
beijar
Lisboa nobre
cidade
Com a Lua a
bracejar
A navegar de
saudade
Bairro Alto
Mouraria
Alfama e
Madragoa
Quantos bairros
tem Lisboa
Carregados de
alegria
Pois vivem em
fantasia
E o fado sabem
cantar
Com a guitarra
a trinar
Pelos cantos
das vielas
E abres as tuas janelas
O Tejo vem-te
beijar
Ai Lisboa abrasonada
Bandeira de São Vicente
Porque não lhe
é indiferente
Ai, não se dar
naufragada
Pois se está abençoada
Que o preto é
honestidade
O ouro
fidelidade
É constância é
nobreza
Tem a prata por
riqueza
Lisboa nobre
cidade
Ai tão bem
engalanada
Repleta de
monumentos
Que consagram
sentimentos
Lisboa afadistada
Boémia e
deslumbrada
Sempre que a
vão namorar
Lisboa sabe
beijar
Mesmo coberta
de mágoas
Espraia-se por
entre as águas
Com a Lua a
bracejar
E afinal seu
padroeiro
Por sinal é São
Vicente
O deste povo tão crente
Conquistador
marinheiro
Com o amor de um
craveiro
Que o povo tem
por vontade
Acolher a
humanidade
Vão dois corvos
guardiões
P’rá acalentar
ambições
A navegar de
saudade
ILUSTRAÇÃO/ARTE
DE MIGUEL MATOS
Ai Moscatel de Azeitão | Maria Albertina Natividade da Purificação
Chá café ou moscatel
Prefiro aquele de Azeitão
Mas que valente pomada
Que o café faz mal ao fel
Pois em minha opinião
Antes bebo o de cevada
E o chá pode
ser excitante
Diurético afinalMesmo que seja calmante
Com a bexiga descaída
Vai-se a ver que por sinal
Passo pois por um grande frete
E ando sempre de fugida
Numa grande agitação
A correr para a retrete
Com a cueca pela mão
Depois também é
aguado
Cheira a ervas,
cheira a florSe não for açucarado
Ai deixa-me agoniada
Sem disfarçar o odor
E nem sequer me alimenta
E ao ficar desconsolada
Deixa-me então rabugenta
E vai mais um p’rá
goela
Que é docinho e
encorpadoEsta bebida amarela
Ai Moscatel de Azeitão
Não lhe sinto malefício
E se ele é do meu agrado
Vai mais um p’ra festejar
Pois que ao ser alimentício
Também me faz engordar
E cá vai mais
um pinguinho
Apaga-me o
desesperoPonho-me no meu cantinho
E até canto à desgarrada
Sem que seja em exagero
Depende pois da medida
Ai sinto-me atordoada
Mas fico alegre com a vida
Só mais um p’ra
arrematar
E se tenho um
bom beberDá-me p’ra poetizar
Mas que grande inspiração
E vai mais um p’ra aquecer
As paredes do coração
E não me dou
enjoada
Neste meu modo
de serE desato à gargalhada
Mesmo que esteja sozinha
Pois antes de adormecer
Porque é doce e sabe bem
Bebo mais uma pinguinha
Não faço mal a ninguém
ILUSTRAÇÃO/ARTE
DE MIGUEL MATOS
terça-feira, 23 de julho de 2013
Alma De Artista | Maria Albertina Natividade da Purificação
Sempre tive habilidade
E se acaso era prendadaJá na minha mocidade
Ficava pois tão catita
Airosa toda enfeitada
Com os meus vestidos de chita
Fiz uma colcha aos quadrados
Pois tinha jeito p’rá rendaPaciente nos bordados
Tudo como deve ser
Nada há que eu não aprenda
Dei conta dos meus miolos
Mas se aprendi a fazer
Tapetes de Arraiolos
Pois se sou habilidosa
Até fiz um candeeiroE senti-me tão vaidosa
Ai que até me inchou o peito
Mas p’ra inventar dinheiro
Isso é que eu não tenho jeito
Com o fósforo já queimado
Montei uma caravelaE gostei do resultado
Comprei depois cavaletes
Dediquei-me às aguarelas
E fiz então brilharetes
E entreguei-me à concertina
Mas se a achava esganiçadaNem com tudo a gente atina
E ao depois só por ouvido
E se me dava prazer
Tocava uma guitarrada
P’ra entreter o meu marido
Punha a guitarra a gemer
E entretanto o falecido
Foi aprender a tocarMas só fazia alarido
Ai como ele desafinava
Julgá-lo não me compete
Mas se até arrepiava
Quando se punha a soprar
No bocal do seu trompete
E jamais se entendeu
Pena quando a estima baixaEra mais parvo que eu
Mas que cargas de trabalhos
Pôs-se então a tocar caixa
Deixou-me feita em frangalhos
Foi então que às escondidas
Mas só das portas p’ra dentroComecei a aprender
E dava as minhas fugidas
Pois se acaso me concentro
Fico logo a perceber
E aprendi a solfejar
No esplendor do meu talentoCom o valor das figuras
Nem conseguia parar
Em tão ágil andamento
Numa nobre exibição
E até me davam tonturas
Sem perder a pulsação
Depois fui p’ró clarinete
Ai como era virtuosaFazia cá um sainete
Não era só aparato
Punha-me até lacrimosa
E ao dar à música vida
Num piedoso vibrato
Ficava tão comovida
Aprendi mais instrumentos
Pois se acaso era dotadaPassei por grandes momentos
Que eu cá sempre fui briosa
E andava bem ensaiada
Lia a música na pauta
Mas se eu era maviosa
Sempre que tocava flauta
E o que mais me concretiza
Traz-me sempre algo de novoÉ ser também poetiza
No cantar do sentimento
Uma poetiza do povo
Que diz palavras ao vento
Tenho poemas diversos
E alguns estão inacabadosFaço quadras faço versos
Se tenho as rimas por filhas
Com os meus dotes inspirados
Faço pois também sextilhas
Cavo então como quem lavra
Basta-me encontrar um temaE escolho cada palavra
Se acaso lhe acho piada
Escrevo então o meu poema
E que seja pitoresco
Pois desato à gargalhada
Quando o poema é burlesco
Pode até não agradar
Mas se não somos perfeitosNão me custa confessar
Eu sempre fui o que pude
Posso ter muitos defeitos
Contudo sou realista
E a minha maior virtude
É ter pois alma de artista
ILUSTRAÇÃO/ARTE DE MIGUEL
MATOS
Longe Da Porta | Maria Albertina Natividade da Purificação
A morte será enfim
O meu destino mais certoQue o meu peito não a tema
Sou Aldeana de gema
Tal como o meu Joaquim
Montijense o meu Alberto
E falo à minha maneira
E até posso ser maganaSer magana sim senhor
Minha mãe era peixeira
Se falo à Aldeana
Sou filha de um pescador
Minha rica mocidade
Já estou velha estou no fimMas tenho tanta saudade
De rirmos à gargalhada
Mais o meu querido Joaquim
Em noites de galhofada
Saudosa do que me lembro
Linda galega simpáticaÓ Montijo eras altivo
Com a 1º de Dezembro
Mais a Banda Democrática
E o antigo Desportivo
Mas se formos ao presente
Pois que o Olímpico marqueQue eu fico muito contente
E também muito babosa
Em termos o nosso parque
Do qual me sinto orgulhosa
São Pedro dos pescadores
Com tão alegres festinsBailes fados e touradas
Tal como os nossos jardins
Carregados de mil flores
Todas elas salpicadas
Em noites de sardinhada
Mas que fartura de pãoA acompanhar a sardinha
Depois vinha uma pinguinha
Ao toque da guitarrada
E eu ficava tão aérea
E se era tradição
Cantar-se a Júlia Galdéria
Irei dentro de um caixão
Quero morrer na minha terraNa minha e dos Aguardentes
Faço ideia a escuridão
Quem morre logo se enterra
Com as placas e os dentes
Nos bancos do meu velório
Que me valem elogios?Faço ideia os desvarios!
Pois se é só um falatório…
Não sonho em ter muita gente
Bastava-me alguém dizer
E eu ficava tão contente
O que me punha p’ra cima:
_ Afinal estás-te a mexer!
Nem que fosse a minha prima
Mas se tenho que morrer
Venha então mais um jarrinhoP’ra que me possa esquecer
Estou a ficar sequiosa
Eu gosto do meu tintinho
Misturado com a gasosa
E assim mesmo ganho alento
E vai um naco de pãoCom feijão e hortaliça
Que eu sou de muito alimento
E prefiro um salpicão
À delgada linguiça
Mas venha mais um copinho
Que é p’ra molhar a goelaSe vier mais um jarrinho
Vou-me pôr a festejar
Que entra sol pela janela
Pois se a vida me cativa
E se acabei de acordar
É porque afinal estou viva
Se a morte bater-me à porta
Eu nem a vou receberFinjo até que já estou morta
Que me fui a enterrar
Pode nem se aperceber
Que a estou a querer enganar
segunda-feira, 22 de julho de 2013
A Um Passo Do Trono | Maria Albertina Natividade da Purificação
Que sonho maravilhoso
Num palácio harmonioso
E até tinha dentadura
Nada faltava na mesa
Ai que tamanha fartura
Toda
a gente era bonita
Com
uma cara abastadaQue a fortuna é bendita
Não tem olhos de magreza
Nem a boca desgrenhada
Que isso é próprio da pobreza
E
até mesmo a criadagem
Tão
bem vestida que estavaQue parecia uma miragem
De um lindo conto de fadas
E toda a gente arrotava
Com as barrigas enfardadas
Tinha
um príncipe afinal
Que
não era o meu maridoE parecia um general
Todo muito vaporoso
Pois não era o falecido
Era muito mais jeitoso
Até
parecia um boneco
A
esgaçar sempre um sorrisoCom olhos de malandreco
E se eu estava enfeitiçada
Tinha perdido o juízo
Não me ralava com nada
Ricas
pedras valiosas
No
arroubo do esplendorIrradiavam lustrosas
E era escaldante e não morno
O corpo do meu amor
E elas tinham dor de corno
Era
nova como invejo
Os
tempos que já lá vãoAgarro-me a esse ensejo
E dá-me tanta saudade
Que sendo rica então
Maior era a felicidade
Toda
a gente foi bailar
E
eu cá tinha emagrecidoE sabia-me ajeitar
Como eu estava enternecida
Com o meu suposto marido
Marido p’ra toda a vida
Senti
por ele um desejo
Nos
afagos consentidosE ele arrebatou-me um beijo
Que me deixou transtornada
Perdi então os sentidos
Que dei por mim desmaiada
Vai-se
a ver quando acordei
Tinha
mesmo desmaiadoAi tão triste que fiquei
Queria ir dali p’ra fora
Estava o meu filho adorado
E a cabra da minha nora
Vim
a mim no hospital
Quem
sabe se estive em MarteDiziam que eu estava mal
Já me queriam sepultar
Que eu tinha tido um enfarte
Pois se eu não queria acordar
Ninguém
me vem socorrer
Quando
eu estava bem na vidaAcharam que ia morrer
E eu que não me conformava
Estava tão arrependida
Que por mim não acordava
E
já sentia saudades
Do
meu príncipe encantadoE dos montes das herdades
Do palácio do jardim
Já me tinha questionado
Se ele se lembrava de mim
‘inda
me atirei p’ró chão
Para
ver se desmaiavaMas não tive solução
Nem outra oportunidade
Toda a gente me agarrava
Com muita brutalidade
Lá
voltei a pobrezinha
Tive
ganas de afliçãoSe eu podia ser rainha
Pois cada pão a seu dono
Tinha a minha coroação
E a seguir subia ao trono
(Ilustração/Arte
de Miguel Matos)
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