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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Amor Da Minha Loucura | Maria Albertina Natividade da Purificação






 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 







Versos lindos vou fazer
Dedicados só a ti
Quem me havia de dizer
Nessa hora em que te vi
Que ias ser meu companheiro
Meu amigo, meu irmão
Nós casámos em janeiro
Com grande sofreguidão

 

Eras bonito e vistoso
Tão alegre e divertido
Foste um belíssimo esposo
Um bom pai, um bom marido

 

E tivemos uma flor
O rebento da paixão
E pegavas no andor
Com o nosso filho p’la mão

 

Logo cedo percebi
P’lo brilho do teu olhar
Nesse dia em que te vi
Estavas cheio de emoção
Já me querias namorar
Mas eu disse-te que não

 

E se eu te disse que não
Mulher séria é assim
Sei pôr-me no meu lugar
Lá por tu gostares de mim
Não te ia dar permissão
P’ra me andares a apalpar

 

Ai tão meigo me abraçavas
Nunca deixaste de o ser
Às vezes até cansavas
Davas-me ânsias de aflições
Tinhas sempre o peito em brasa
Mas se eu sempre ouvi dizer
Nem se cozem os feijões
Quando um homem está em casa

                                                                                                               

Meu doce e querido marido
Nada tenho que te apontar
Que pena teres falecido
Andavas-me sempre a beijar

 

Pobre fui mas muito honrada
E no princípio de casada
Comecei com quatro pratos
Levei mesa cama e bancos
Como não tinha sapatos
Fui-me casar de tamancos


 
 
Mal tirámos um retrato
Se o noivo tem que esperar
Não parava de chover
Quando eu olho p’ró teu fato
Ai eu nem me queria crer
Ia lá adivinhar
Pois que o fato ia encolher

 

Pediste-me em casamento
Num verdejante jardim
Foi o mais lindo momento
Mas não deu tempo p’ra nada
Pois se quando dei por mim
Fui a ver estava casada

 

Amor da minha loucura
Eu nunca te quis perder
Fartei-me de me encolher
P’ra pensares que eu era pura

 

Foi assim de tal maneira
Que me fartei de sangrar
Mais parecia uma torneira
Constantemente a pingar

 

Tinhas vinte primaveras
Ia-te caindo um dente
Estavas cheio de quimeras
Bem sei o quanto me amaste
Ai ficaste tão contente
Que nem sequer reparaste

 

 
 
(ILUSTRAÇÃO/ARTE DE MIGUEL MATOS)


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