Cá estou eu, a Albertina
Às voltas com a magia
Ai coisa que me fascina
Pois tem sido a minha sorte
Das migalhas faço pão
Das tristezas alegria
Vejam bem este meu porte
Com a varinha de condão
Pois se também sou circense
Cada um é p’ró que nasce
Aldeana, Montijense
E ando a dar muito nas vistas
Vou seguindo estes meus passos
Sempre como manda a praxe
E se uns nascem p’ra palhaços
Outros são ilusionistas
Que afinal somos artistas
Deste nosso Portugal
E muitos equilibristas
A trabalhar no arame
Pois se a coisa anda mal
Que há tão pouco dinheirame
Ai pombinha ou pombinho
Que te fiz aparecer
Abençoa o Zé Povinho
Nestas tristes horas mortas
E por tanto o defender
Afinal está-me a aplaudir
Que assim se abrirão as Portas
E o povo põe-se a sorrir
Continuo por minha vez
A tentar ludibriar
Como o povo português
O dinheiro que há p’ra poupar!!!
Se estamos endividados
Queres a minha opinião
Fiquemos mais animados
Que a varina de condão
Tem a sina portuguesa
Saberemos o que tem
Pois no fundo da cartola
Que está em cima da mesa
Vamos todos p’ra Belém
P’ró circo da festarola
Mas que coisa tão bizarra
P’ra minha admiração
Vai que ao toque da fanfarra
E vejam-me este trambelho
Com a varinha de condão
Fiquei num grande sussurro
Pois que ao invés dum Coelho
Da cartola sai-me um burro
Nem me consigo conter
E por sinal estou espantada
Só posso depreender
Faz parte da inovação
Que p’ra gente iluminada
Há sempre uma explicação
(ILUSTRAÇÃO/ARTE DE MIGUEL MATOS)
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