Ai toiro
estou-te a citar
Encaro-te então
de frente
P’los cornos
vou-te agarrar
Pois sei que
sou resistente
Por muito que
metas medo
Vou-te pegar
pelos cornos
Que servem p’ra
teus adornos
Como um certo
arvoredo
Conto-te então
em segredo
Que os que
estavam a mandar
Andavam-me a
amedrontar
Nem sei bem da
salvação
Ai que medo do
papão
Ai toiro
estou-te a citar
Ai toiro me
estás a ouvir
Pareces
acagaçado
Faço de moço
forçado
E daqui não vou
sair
Que o povo
vem-me acudir
O meu povo a
minha gente
Que por sinal é
valente
E dou-lhe muito
valor
Ou não fosse
lutador
Encaro-te então
frente
Pego nos cornos
da vida
Como quem te
pega a ti
Se acaso
sobrevivi
Quantas vezes
fui colhida
Ao sentir-me consumida
Mas se hoje
quero festejar
Que o governo
foi ao ar
Que o Cavaco
foi por mim
E tinha que ser
assim
P’los cornos
vou-te agarrar
Ai meu rico Zé
Povinho
Sinto-me até
heroína
Pois se a Maria
Albertina
Tem um dedo
adivinho
E toma um copo
de vinho
Que o meu povo
está contente
Porque afinal
era urgente
E eu disso sou
testemunha
Vou pegar o
toiro à unha
Pois sei que
sou resistente
(ILUSTRAÇÃO|ARTE
DE MIGUEL MATOS)
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