Ai quem espera desespera
No meio desta confusão
Ai meu Deus ai quem me dera
Isto p’ra falar verdade
Queria uma revolução
Vamos lá ó pessoal
P’ra acabar com a austeridade
Que reina em Portugal
Eu nem sequer
estou senil
E por sinal sou
sincera
Pois que venha
outro Abril
Que é p’rá
gente festejar
Faça-se outra
Primavera
Que o povo anda
tresloucado
Nem consegue
respirar
Está tudo pior
que antes
Pois se anda a
ser roubado
E logo p’los
governantes
Se bem que são
idiotas
E eu vou juntar
os talões
Mas que grandes
anedotas
Pois p’rá multa
não me arrisco
E em vez do
euro milhões
Vou jogar no
euro fisco
Repensei depois
melhor
Não me quis
candidatar
Pois se soube à
posterior
Que era uma
mera ilusão
Se acaso iam
sortear
Carros em
segunda mão
Que ao jogo sou
azarada
Pois se a sorte
não me busca
Preferi estar
sossegada
Que afinal é
bom de ver
Saía-me uma
farrusca
Só se fosse
p’ra abater
E vai-se a ver
da verdade
Eles andam-se a
promover
Se foi p’ra mim
novidade
Claro que muito
me aclama
Doa lá a quem
doer
Entrego as mãos
ao destino
E quero um topo
de gama
Ou então um
submarino
Dizem pois que
ainda melhora
A situação do
país
Ai quero-me ir
daqui p’ra fora
Pois se a mim
não me parece
Por muito que
seja altiva
Pois não tenho
nervos de aço
Eles querem
subir o IVA
E depois o que
é que eu faço
Que eles não têm piedade
Está tudo bem aviado
Com tanta severidade
Pois que a despesa aumenta
E até o bem empregado
Mesmo assim não se aguenta
Mas o que mais me baralha
O povo estar conformado
Qualquer dia o Zé trabalha
E é ele que passa a pagar
O seu próprio ordenado
Que é p’ra manter o lugar
Será que isto é liberdade?
Mas que espécie de clausura
E se o povo dá ao coiro
Trabalha de chão a chão
E os donos da ditadura
São pagos a peso d’oiro
E há tanta gente sem pão
Vai-se a ver que os
reformados
Não se dão endireitados
Vivem de meia pensão
E as notícias são tão más
Sucedem-se as heresias
Que o tempo voltou p’ra trás
E matam-se os ideais
E perdem-se as regalias
Regalias sociais
Vejo a vida
andar p’ra trás
Faz-me lembrar
outra era
Em que nem
havia paz
Muito menos
igualdade
E agora tens
por quimera
A sombra da
liberdade
E havia pides a
mais
P’ra te poderem
espiar
Hoje são
internacionais
Pois haja então
quem te eduque
Que eles
andam-te a controlar
À pala do
facebook
E ouve-se um fado menor
Que este destino é velhaco
Vamos de mal a pior
E só temos arrelias
Vai-se a ver que o Cavaco
Também se andava a queixar
Vive das economias
P’ra se poder governar
E por este caminhar
Ainda perde as esperanças
E ao depois fica repeso
Quando acabar por gastar
As suas pobres poupanças
Das aplicações bancárias
E se acaso ficar teso
Não tem como fazer frente
Às despesas extraordinárias
Coitado do presidente
Vai-se a ver que não me calo
Falarei pelo meu povo
Têm medo do que eu falo
Mas se poetizo a verdade
Pois queremos um mundo novo
Com a palavra liberdade