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domingo, 22 de fevereiro de 2015

A Sopa Da Pedra



Á rica prima Umbelina
Sou eu a Maria Albertina

Toma ainda estás a jantar?!
Ai, mas tem muito bom aspecto!
Tó, então já me estive a arranjar
Deu-me tempo para lavar a loiça
Vá passa lá com a bandeja
Á mulher não há quem te veja
Nem tão pouco quem te oiça
Diz que esteve cá o teu neto
Que apesar de irrequieto
E assim mesmo endiabrado
Depois é muito explicado
E que nem sequer gagueja
Olha, mas estás-me a fazer inveja!
É mentira estou a brincar...
Pois se me fartei de comer!
Não vês, que só faço é arrotar...
Pronto vá lá, já que tem que ser!
Mas põe só um bocadinho
Isto é que ela é teimosa!
Já agora p’ra não me embaçar

Traz-me uma pinga de vinho
Misturado com gasosa

Toma, faço alguma cerimónia?
Olha trás o tacho para a sala
Está bem, está bem, dou-te a mão à palmatória
Só p’ra ver se essa boca se cala

Hum! Se me souber assim tão bem
Como assim tão bem me cheira
Pois se os olhos também comem
Não ponhas de qualquer maneira
‘Iinda por cima está morno
Que paladar saboroso
Bacalhauzinho no forno
Mas que toque apetitoso!

E se calhar fizeste sopa?
Era capaz de ir um caldinho
P’ra tirar o sal da boca
Mas põe mais um bocadinho
Que dá-me dó comeres sozinha
Olha e já que vais á cozinha
Trazes-me uma fatia de pão
Sabes é que normalmente
Quando estou assim doente
Faço melhor a digestão

Tó, tem um travo no paladar!
Ah tem um segredo a receita!
Pois deixa-me cá decifrar
Á mulher, vá lá aproveita
Ai filha, tu comes tão devagar!
Mete mais duas ou três colheres
P’ra comeres acompanhada
Principalmente as mulheres
É tão triste comer sozinha
Ai cadela abandonada!

Não ouves, vais à cozinha?
É que este bacalhau quer vinho
Metias a sopa a arrefecer
E trazias mais um jarrinho
Mas vem-te sentar descansada
Para acabarmos de comer
Estás ouvir ó Umbelina
E não me deixes ao abandono
Olha, não querem lá ver!
Que agora sou eu que pareço
Uma cadela sem dono!

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