Meu rico
adorado filho
Amor da minha
loucura
Contigo tudo
partilho
Os meus
temores, os meus medos
Com tanta
desenvoltura
Que entre nós não
há segredos
Vai-se a ver
que eras petiz
E por sinal tão
bonito
Fazias-me tão
feliz
E olho esta
fotografia
As saudades que
me dão
Ai que tamanha
alegria
Que ia no meu
coração
Sempre foste um
bom menino
E por sinal
sossegado
E quando eras
pequenino
Ai eras tão
engraçado
E como eu me
comovia
Pois se eras
tão sorridente
E sempre que
alguém sorria
Também achavas
piada
Sorrias p’ra
toda a gente
E deixavas-me
encantada
Cantava-te uma
cantiga
A d’O Melro por
sinal
E tiravas-me a
fadiga
Minha rica
mocidade
Parece-me um
roseiral
Tal não era a
felicidade
Mais parecias
um boneco
E até tinhas um
gatinho
Atigrado era o
Tareco
E até dormia
contigo
Vai-se a ver
muito meiguinho
Estava sempre à
tua beira
Pois se era tão
teu amigo
E amigo da
brincadeira
Mas não te fazia
mal
Quando te ouvia
a chorar
O pobre do
animal
Mais não podia
fazer
Também se punha
a miar
Que era para te
entreter
Ai filho que
eras tão querido
Como o teu pai
te adorava
Pobre defunto
marido
Que sempre foi
sonhador
Ai como ele te
afagava
Com os olhos
rasos de amor
E logo de
pequenito
Ao colo depois
à mão
E ainda em
rapazito
Sempre ao lado
do andor
Ai ias na
procissão
Vestido de
pescador
Teu pai ficava
encantado
E tão meigo me
abraçava
Sentia-se
abençoado
E ficava tão
baboso
Que às vezes
até cansava
Pois se eu
sempre fui mais esquiva
Mas se ele era
carinhoso
E de uma forma
aflitiva
E a olhar o teu
retrato
Tenho saudades
de ti
E de quando
eras gaiato
De seres bebé
afinal
E um tão lindo
eu nunca vi
Posso parecer
convencida
Sempre foste
especial
És o amor da
minha vida
ILUSTRAÇÂO/
ARTE DE MIGUEL MATOS
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