Chá café ou moscatel
Prefiro aquele de Azeitão
Mas que valente pomada
Que o café faz mal ao fel
Pois em minha opinião
Antes bebo o de cevada
E o chá pode
ser excitante
Diurético afinalMesmo que seja calmante
Com a bexiga descaída
Vai-se a ver que por sinal
Passo pois por um grande frete
E ando sempre de fugida
Numa grande agitação
A correr para a retrete
Com a cueca pela mão
Depois também é
aguado
Cheira a ervas,
cheira a florSe não for açucarado
Ai deixa-me agoniada
Sem disfarçar o odor
E nem sequer me alimenta
E ao ficar desconsolada
Deixa-me então rabugenta
E vai mais um p’rá
goela
Que é docinho e
encorpadoEsta bebida amarela
Ai Moscatel de Azeitão
Não lhe sinto malefício
E se ele é do meu agrado
Vai mais um p’ra festejar
Pois que ao ser alimentício
Também me faz engordar
E cá vai mais
um pinguinho
Apaga-me o
desesperoPonho-me no meu cantinho
E até canto à desgarrada
Sem que seja em exagero
Depende pois da medida
Ai sinto-me atordoada
Mas fico alegre com a vida
Só mais um p’ra
arrematar
E se tenho um
bom beberDá-me p’ra poetizar
Mas que grande inspiração
E vai mais um p’ra aquecer
As paredes do coração
E não me dou
enjoada
Neste meu modo
de serE desato à gargalhada
Mesmo que esteja sozinha
Pois antes de adormecer
Porque é doce e sabe bem
Bebo mais uma pinguinha
Não faço mal a ninguém
ILUSTRAÇÃO/ARTE
DE MIGUEL MATOS
Sem comentários:
Enviar um comentário