AO MIGUEL
Queres saber
que vejo em ti
Para seres tão
especialSe nunca te conheci
Por sinal pessoalmente
Crê que aqui no virtual
Vê-se mais profundamente
Vão dádivas de honestidade
E ao cuidarmos prezamos
O que há de bom em nós
E num hino à amizade
Cantamos a uma só voz
Meu querido filho adorado
Mas apraz-me o sentimento
Com o qual me tens tratado
Delicado, genial
Que pena estares no Brasil
E eu aqui em Portugal
P’ra sermos aparentados
Tratava pois das partilhas
P’ra te prendar com um dote
Mas se só tenho uns trocados
Fazias-me logo um mangote
Mas como és tão interessante
Dás pois um belo cavaleiro
Por sinal abrasonado
E se já és importante
Imagino o mulherio
Que não te deixa largado
Faço ideia o corrupio
Mas ficas mal aviado
Ó menos ia-se embora
Pois se só de a ver me canso
Tenho um filho mal casado
Saiu-me um corno manso
Não gosta de trabalhar
Pois nem eu por minha vez
Mas sempre fui trabalhando
E p’rá poder sustentar
Meteu-se no contrabando
Que às vezes até dá dó
Mais valia alimentar
Dois burros a pandeló
E ponho-me a divagar
Não passa de um desabafo
E eu que só te quero bem
Tinhas que te penhorar
P’ra sustentá-la também
Ficavas logo falido
Era quase a minha morte
Ao ver-te então deprimido
Que a minha prima Umbelina
Apesar de ser do povo
Dava uma bela patroa
Tal como a ti Albertina
É uma excelente pessoa
P’ra sermos aparentados
Seria a vossa madrinha
E nem me leves a mal
A estes meus floreados
Mas iria ser baril
Ou vinhas p’ra Portugal
Ou nós então p’ró Brasil
Por te poder conhecer
Alma nobre e maviosa
És por sinal engenhoso
E é esse modo de ser
Que te faz tão precioso
Quem tu és, dos teus talentos
Ir-te-ia enganar
Pois estaria a ser farsista
Gosto dos teus sentimentos
Com a tua alma de artista
Horas do galo cantar
E eu estou tão entusiasmada
Que nem me consigo ir deitar
Cá me vou eu despedir
Que já está amanhecer
E p’ra ser então honesta
E se hoje é dia de festa
Vou primar no vestuário
P’ra celebrar com o Jacinto
Pois mais um aniversário
Ilustração/Arte
de Miguel Matos
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