Olha os galos, olha os galos
Olha os galos governantes
Já não há como travá-los
Está-se tudo a demitir
Nada era como antes
O governo vai cair
E o governo vai-se ao ar
É uma forma de dizer
Que o Coelho quer reinar
Ai meu rico Zé Povinho
E vamos lá perceber
Se vai governar sozinho
Se vai governar sozinho
Vejam bem este país
Saiu-me cá um padrinho
Só se for p’ra dar buraco
Fica ele e a Luís
E vai-se embora o Cavaco
Có có ccó Cócorocócó
Galinha dos ovos d’ouro
Vai-se a ver que afinal
A ministra do tesouro
Ia entrar por horas mortas
Isto só em Portugal
Deu-me dó dela coitada
Queriam-lhe fechar as Portas
Deixá-la desempregada
Ai se quem dá e reparte
É tolo se não tem arte
Mas ponho-me eu a pensar
Não creio que seja falsa
Começo a desconfiar
Que a moça vinha descalça
Có có có Cócorocócó
Vai-se a ver que o Gaspar
Por tal sinal desistiu
E deixou o seu lugar
E abriram-se as comportas
Eis a Revolução dos Galos
Pois também se demitiu
Logo a seguir o Paulo Portas
Não há como segurá-los
Mas foi sol de pouca dura
E vejam-me este sainete
Vivemos em ditadura
E o povo paga o bilhete
Se acaso deu prejuízo
Estamos cá p’ra o pagar
Que a malta não tem juízo
Ou são coisas dos destinos
Estou-me então a recordar
Vivemos endividados
Temos dois submarinos
Podiam ser penhorados
Có có có Cócorocócó
E o Portas voltou p’ra trás
E eu sou velha e lavo escadas
Ai a falta que ele nos faz
Pena ter-se arrependido
Tenhas as contas atrasadas
Pois se não fui trabalhar
Por culpas do sucedido
Fui p’rá praia festejar
E o Portas voltou p’ra trás
E andamos nestes virotes
Por muito que seja audaz
E que dê corda aos chinelos
Ando às voltas com os calotes
Mais não posso trabalhar
Com os galos de Barcelos
Ponho-me a cacarejar
Có có có Cócorocócó
Que afinal foi promovida
E andamos nestas andanças
Ai, está tão bem protegida
Vejam só este país
Pois se ela vai p’rás
finanças
E o Paulo Portas está feliz
E o Paulo Portas está feliz
Pois estamos bem governados
Com o Coelho e a Luís
Continua a mesma seita
Temos novos cozinhados
Sempre com a antiga receita
E a palavra irrevogável
Ganhou um novo contexto
Pode ser negociável
Mesmo parecendo sinistro
Afinal com o pretexto
De chegar à dianteira
Ser vice-primeiro ministro
P’ra se subir na carreira
Có có có Cócorocócó
E estarão pois predispostos
E o que digo não são lérias
A aumentarem os impostos
Pois a subirem as taxas
Quando vierem de férias
Ó meu povo o que é que achas?
Lá terá que rebentar
A bomba por algum lado
Não te vás manifestar
Pois se está tanto calor
Já basta teres que pagar
Com o corpo tanto valor
Có có có Cócorocócó
De resto as águas passadas
Já não movem o moinho
Tenham calma camaradas
Vamos ver se eu descubro
Que o meu rico Zé Povinho
Agora vai-se espraiar
E só lá p’ró mês de Outubro
Por sinal está mais
fresquinho
Voltamos a conversar
‘Inda falta discursar
Mas sem que seja velhaco
P’rós que estão a governar
Se queremos um país novo
Pois não esperem que o Cavaco
Deixe de ser possidónio
Esteja do lado do povo
Mas que grande cor fadário
Que é este nosso afinal
Ele apoia o matrimónio
Esquecido de Portugal
E é esta a situação
Mais não posso adiantar
Brancos, pretos, amarelos
Contam com a revolução
Revolução popular
Dos galinhos de Barcelos
Có có có Cócorocócó
ILUSTRAÇÂO /ARTE DE MIGUEL
MATOS
Sem comentários:
Enviar um comentário