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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Ai Sinto-me Uma Princesa | Maria Albertina Natividade da Purificação









Por sinal tão caridosa
E até sei rezar o terço
Pois se sou religiosa
Só que às vezes adormeço

 

Mas tenho muita virtude
Pois se crio este cordeiro
P’la minha rica saúde
Ai provoco muita inveja
E até se tornar carneiro
Dou-lhe então muitos carinhos
Depois entrego-o à igreja
P’ra ser dado aos pobrezinhos

 

Mas se me encharco de pena
Por conta do animal
Não tenho a alma pequena
E acabo por vacilar
Já tenho dez no quintal
Sem que os consiga matar

 

P’ra não haver carambola
Vendo a lã e da receita
Dou aos pobres por esmola
Sinto-me quase heroína
E com a cabeça direita
Por não ser uma assassina

 

Pois se lhes ganho afeição
E p’ra mim só fiz um gorro
Cada qual é como um cão
E o mais pequeno um cachorro

 

O Tonecas o Jeremias
Acácio Sebastião
O Alfredo e o Tobias
O Tadeu o Constantino
O Úrano e o Plutão
E o Tomás que é pequenino

 

Pois está tudo batizado
De quando, em vez tomam banho
E também está vacinado
Contra as doenças malinas
O meu pequeno rebanho
Que até toma vitaminas

 

Tiro uma fotografia
P’ra minha recordação
Visto-me com primazia
Ai sinto-me uma princesa
Pois tenho um bom coração
Posso até deixar de herança
E já me pus a escrever
Não vai nenhum p’rá matança
Se acaso um dia morrer

 

 

ILUSTRAÇÃO/ARTE DE MIGUEL MATOS

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