Por sinal tão
caridosa
E até sei rezar
o terçoPois se sou religiosa
Só que às vezes adormeço
Mas tenho muita
virtude
Pois se crio
este cordeiroP’la minha rica saúde
Ai provoco muita inveja
E até se tornar carneiro
Dou-lhe então muitos carinhos
Depois entrego-o à igreja
P’ra ser dado aos pobrezinhos
Mas se me
encharco de pena
Por conta do
animalNão tenho a alma pequena
E acabo por vacilar
Já tenho dez no quintal
Sem que os consiga matar
P’ra não haver
carambola
Vendo a lã e da
receitaDou aos pobres por esmola
Sinto-me quase heroína
E com a cabeça direita
Por não ser uma assassina
Pois se lhes
ganho afeição
E p’ra mim só
fiz um gorroCada qual é como um cão
E o mais pequeno um cachorro
O Tonecas o Jeremias
Acácio
SebastiãoO Alfredo e o Tobias
O Tadeu o Constantino
O Úrano e o Plutão
E o Tomás que é pequenino
Pois está tudo
batizado
De quando, em
vez tomam banhoE também está vacinado
Contra as doenças malinas
O meu pequeno rebanho
Que até toma vitaminas
Tiro uma
fotografia
P’ra minha
recordaçãoVisto-me com primazia
Ai sinto-me uma princesa
Pois tenho um bom coração
Posso até deixar de herança
E já me pus a escrever
Não vai nenhum p’rá matança
Se acaso um dia morrer
ILUSTRAÇÃO/ARTE
DE MIGUEL MATOS
Sem comentários:
Enviar um comentário