Há histórias
inexplicáveis
Nem me cabem na
lembrançaDe coisas inevitáveis
Não é que a minha Umbelina
Se bem que isto é segredo
Recebeu uma herança
Por conta do seu Alfredo
Afinal era
abastado
Vá-se lá
compreender Por sinal abrasonado
E sempre escondeu da gente
Quem havia de dizer
Se andava alcoolizado
Ele só queria era aguardente
P’ra se esquecer do passado
Disse adeus e
veio-se embora
Nem uma peça de
mobíliaE ao sair dali p’ra fora
Ele de tudo foi capaz
E abandou a família
Sem nunca voltar atrás
Isto faz-me
confusão
E se era o
único herdeiroSem nunca ter precisão
Fartou-se de trabalhar
Pois se até foi salineiro
Foi coveiro e lavrador
Ia lá imaginar
Que ele era um grande senhor
Veio um primo
por sinal
Deste dito
falecidoE revelou que afinal
Estava rica a minha prima
Por parte de seu marido
Que nunca foi possidónio
Vai-se a ver que ainda por cima
Tinha um grande património
Tinha jardins
tinha fontes
Palacetes com
capelasMuitas herdades e montes
E ainda tinha vielas
E estava tudo
abismado
Sem se entender
patavinaPois que Deus seja louvado
Ai que o Alfredo era rico
Temi que a minha Umbelina
Ainda tivesse um fanico
Vai que ele
teve uma donzela
Com quem estava
p`ra casarMas se nem gostava dela
Nem lhe tinha qualquer estima
Veio-se então enamorar
E logo p`la minha prima
Por tal sinal
era novo
Tinha perdido a
cabeçaE com os pais foi conversar
Mas como ela era do povo
Não podia ser condessa
Não quiseram aceitar
E viu-se então
meio perdido
Pois se a tinha
desonradoTornou-se então seu marido
Virou costas ao dinheiro
E deu-se por deserdado
Por ventura era o mais certo
E foi então p´ra coveiro
P`ra nunca ser descoberto
Ele tinha um
jeito miúdo
E até andou a
abrir valasVai-se a ver tinha um canudo
Sempre o achei inteligente
Mas se era de poucas falas
Até mesmo com a aguardente
Realmente era
p’ró fino
Pois tinha um
tipo distintoMas por força do destino
De tanto se embriagar
Ora branco ora tinto
Por sinal do carrascão
Pôs-se então a definhar
E teve uma psicose
Foi cá uma depressão
E entregou-se à bagaceira
O que o levou à cirrose
Minha prima ainda era nova
E com tanta bebedeira
Ai ajeitou-se a tal sorte
E ficou com os pés p´rá cova
Foi então a sua morte
E nisto pois
vai-se a ver
Mas que notícia
oportunaE ninguém se queria crer
Nesta nova repentina
E se é tão grande a fortuna
Pois não dá p´ra imaginar
Que tem a minha Umbelina
Ai afinal por herdar
Sem comentários:
Enviar um comentário